Cheira a feno, ondulam os trigais,
A natureza espera, está cansada.
No chão formam-se rendas de vitrais,
Incrédulas as árvores revoltadas!
Sedenta a planície agoniza, abandonada,
Que Deus esqueceu a terra de ninguém.
Ergo as mãos vazias, o sol abrasa,
Mostrando com altivez o seu desdém!
Passam ceifeiras, cantando meio dolentes,
Cantigas tristes, perturbantes, quentes,
De trágicos lamentos, tanta mágoa,
E afinal são tão pobres no pedir,
Apenas chuva, estrelas a cair,
Pérolas do céu em gotas de água!
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