terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Alentejo

Cheira a feno, ondulam os trigais,
A natureza espera, está cansada.
No chão formam-se rendas de vitrais,
Incrédulas as árvores revoltadas!

Sedenta a planície agoniza, abandonada,
Que Deus esqueceu a terra de ninguém.
Ergo as mãos vazias, o sol abrasa,
Mostrando com altivez o seu desdém!

Passam ceifeiras, cantando meio dolentes,
Cantigas tristes, perturbantes, quentes,
De trágicos lamentos, tanta mágoa,

E afinal são tão pobres no pedir,
Apenas chuva, estrelas a cair,
Pérolas do céu em gotas de água!

Sem comentários:

Enviar um comentário